Autor veterano da Globo expôs mágoa com a emissora.
Autor consagrado expôs decepção por voltar para o horário das 18h da Globo e desabafou. Trata-se do saudoso Gilberto Braga, que aos 75 anos, faleceu em outubro de 2021, vítima de complicações por conta de uma infecção sistêmica, segundo informações da assessoria de imprensa da emissora carioca.
Consagrado por várias novelas memoráveis como Vale Tudo (1988) e Celebridade (2003), Gilberto Braga já estava como medalhão da Globo escrevendo para o horário nobre.
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Acontece, que ele se incomodou ao ser convocado para voltar à faixa das 18h. “Me senti rebaixado”, desabafou Gilberto Braga.
É que a novela das 18h, consequentemente tem menos audiência do que uma trama do horário nobre, visto que o número de televisores ligados é menor, pois as pessoas ainda estão voltando para as suas casas.
O convite aconteceu porque a Globo estava em busca de uma trama para elevar os índices de audiência. O autor consagrado tinha experiência em clássicos como Helena (1975), Senhora (1975) e Escrava Isaura (1976), que fizeram sucesso no horário das 18h.
“De certa forma, eu me senti rebaixado quando me escalaram para o horário das seis. Para piorar a situação, Força de um Desejo não atingiu a audiência que a emissora queria. Mesmo assim, eu assistia à novela com prazer”, declarou Gilberto Braga em depoimento ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo.
Força de um Desejo era ambientada na segunda metade do século 19, no Rio de Janeiro e contava a história de Inácio (Fabio Assunção) e Ester (Malu Mader), que viviam um romance proibido e acabaram sendo separados pelas armações de Idalina (Nathalia Timberg), avó do rapaz.
Um tempo depois, os os dois se reencontraram de uma forma desagradável. Ester casou-se com Henrique Sobral (Reginaldo Faria), pai de Inácio, sem saber do parentesco entre eles, desencadeando em vários conflitos.
NOVELA FOI ESTICADA
A sinopse de Força de um Desejo tinha sido escrita por Alcides Nogueira na década de 1980, mas a trama acabou não sendo produzida na época, onde anos depois, a Globo pediu para que o novelista desenvolvesse o folhetim.
“A história da sinopse já é uma novela em si. Eu a escrevi, tomando como plot um livro muito pouco conhecido do Visconde de Taunay [1843-1899], A Mocidade de Trajano, e adaptei da maneira mais livre possível. Entreguei a sinopse ao Paulo Ubiratan [1947-1988]. Ele morreu, e a sinopse sumiu”, contou Alcides Nogueira ao blog Eu Prefiro Melão.
“Tempos depois, o Marcos Paulo [1951-2012] achou a própria e mandou para a Marluce Dias da Silva. Eu estava com o Silvio [de Abreu] e o Bosco Brasil em Torre de Babel [1998]. Para resumir a ópera, a sinopse foi parar nas mãos do Gilberto, que gostou bastante dela e propôs um segundo tratamento, a quatro mãos. Foi assim que nasceu a novela”, explicou Alcides Nogueira.
“A novela foi esticada tremendamente: 227 capítulos, mas começou e terminou com amor. Não foi um sucesso, mas também nenhum fracasso retumbante; foi cansativo para o autor, Gilberto Braga, e toda a equipe que trabalhou com ele”, afirmou o diretor Daniel Filho no livro O Circo Eletrônico.
Força de um Desejo atualmente está sendo reprisada no canal Viva e foi bastante elogiada pela crítica em 1999, quando foi exibida a sua versão original na Globo.
