Diretas

Bronca de Lula sobre agronegócio no Jornal Nacional sobra até para o MST e acerta em cheio Pantanal


Lula em sabatina ao Jornal Nacional e José Leôncio (Marcos Palmeira) em cena de Pantanal (Foto: Reprodução / Globo)

Vida real e ficção se misturam o tempo todo.

Luiz Inácio Lula da Silva deu uma bronca no Jornal Nacional na última quinta-feira (25) contra o agronegócio, ao qual se referiu como “fascista e direitista”. Porém, as duras críticas do petista acertam em cheio Pantanal.

O próprio candidato a presidente do país já declarou ser fã de Pantanal, remake da Globo assinado por Bruno Luperi e já se comparou a Jove (Jesuíta Barbosa) em eventos de pré-campanha. O herdeiro de José Leôncio (Marcos Palmeira), inclusive, é responsável por levantar bandeiras agroecológicas e tentar implantar práticas de manejos sustentáveis nas fazendas do pai.

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O personagem de Marcos Palmeira mostra todo o tempo que sente uma culpa por ter criado um império agropecuário em um dos ecossistemas mais ameaçados do Brasil. O discurso até faz bonito nas redes sociais, mas destaca em uma prática conhecida greenwashing, falas genéricas e aproximação com temas verdes para passar uma falsa impressão de sustentabilidade, de acordo com informações do Notícias da TV.

José Leôncio é uma figura recorrente que aparece em novelas da Globo, a do empresário de bom coração, que começou de baixo e fez um império. Mais recentemente em Um Lugar ao Sol (2021), Santiago (José de Abreu) foi um bom exemplo.

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O fazendeiro de Pantanal é construído por Luperi como um homem simples do campo, que num acaso do destino, se vê com sete fazendas e um rebanho de proporções gigantescas. Ou seja, justamente o contrário dos principais nomes do agronegócio, cujas fortunas e propriedades vêm de décadas ou até mesmo séculos de acumulação.

CRÍTICAS À PANTANAL?

O pai de José Lucas (Irandhir Santos) é claramente um representante desse setor que, para limpar a imagem, faz mea culpa em Pantanal: seja por rejeitar a política, mesmo com a bancada do ‘boi’ sendo uma das maiores do Congresso; por críticas agrotóxicos; ou pela negativa à modernidade, que vai levá-lo ao lugar do Velho do Rio (Osmar Prado) no final do folhetim.

Em 1990, essa transição não era tão destacada por Benedito Ruy Barbosa. Bruno Luperi, porém, enfrenta um cenário de colapso ambiental, em que o agronegócio também tem peso na crise econômica ao pressionar preços em preferir vender mercadorias como leite e carnes ao exterior com a alta do dólar. Porém, em Pantanal chega a ser irônico um pecuarista virar protetor do bioma no final da novela.

Lula até defendeu Pantanal ao destacar que existem um pequeno grupo de empresários que não pensam como os demais e preferem preservar o Pantanal. José Leôncio poderia até ser incluído nesse grupo, mas ai entra em pauta outra questão: A citação ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).

E O MST?

A escolha de Bruno Luperi em insistir nas figuras de José Leôncio, o agronegócio e Jove, o “príncipe herdeiro” como protagonistas em uma história com fundo ambiental ecoa de forma preguiçosa dentro do universo do avô do autor do remake.

É que Benedito Ruy Barbosa já trazia os sem-terra em evidência em O Rei do Gado (1996), quando eles ainda eram vistos como “terroristas” pela opinião pública.

Uma das mudanças centrais desde a primeira versão de Pantanal, exibida em 1990 pela extinta TV Manchete é que questões identitárias passaram a ter um peso muito maior não só dentro das esquerdas, mas também na forma em se construir uma história.

O autor até coloca alguns personagens fora do poder hegemônico dentro do discurso ambiental, a exemplo de Miriam (Liza Del Dala), uma mulher negra especialista agroecologia que ajuda os Leôncio a implantarem manejo sustentável em uma das fazendas, em uma participação relâmpago de alguns capítulos de Pantanal.

O problema é que o ativismo continua em cima de Jove, que não tem qualquer formação na área e nem demonstra interesse em se especializar. Ele é qualificado apenas por herdar os poderes econômicos de José Leôncio e os dons sobrenaturais do Velho do Rio.

Com isso, Pantanal não quer grandes transformações e sim somente ‘maquiar’ a causa sustentável que assola o nosso país, mas pelo menos já é um grande avanço esse tema ser tratado no horário nobre.

 

 

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Aaron Tura

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Paulistano com alma de carioca, sou formado em Jornalismo e pós-graduando em Marketing. Sou completamente apaixonado por comunicação. Escrever sobre atualidades, televisão e seus bastidores é a minha realização profissional, que faço com clareza, leveza, seriedade, humor e muito amor. Faço parte da equipe do Aaron Tura TV desde fevereiro de 2022, deixando os leitores atualizados sobre notícias relevantes, que são capazes de transformar a vida de nossos leitores!