Valdemiro Santiago da Igreja Mundial do Poder de Deus está em maus lençóis.
O site Notícias da TV disse que cometeu um erro e que a “Justiça não fará leilão para pagar dívida de Valdemiro Santiago com TV.”
A Justiça determinou o leilão de uma sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, que é comandada pelo autoproclamado apóstolo Valdemiro Santiago, para recuperar uma dívida de R$ 71,9 milhões do pastor evangélico com o Grupo Spring de Comunicação, dona da extinta TV Loading (2020-2021) e do canal que abriu a antiga MTV Brasil (1990-2013), o 32 UHF em São Paulo.
O montante se refere ao não pagamento de mensalidades pela locação de horários, além de multa. O leilão contempla um grande imóvel, com 46 mil metros quadrados, localizado no bairro de Santo Amaro, região centro-sul de São Paulo.
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A Igreja Mundial do Poder de Deus, foi inaugurada no local em 2014 como a grande aposta de Valdemiro Santiago para elevar a sua arrecadação financeira. Além do templo, o prédio conta com uma área administrativa que possui cinco pavimentos, piscina e estacionamento para 813 automóveis e 162 motos.
O imóvel está avaliado em R$ 193,5 milhões, de acordo com o Notícias da TV. A previsão inicial é de que o edital aconteça em 10 de maio, mas a Igreja Mundial do Poder de Deus tenta recorrer e adiar a negociação. Além da dívida que necessita ser resolvido com a antiga TV Loading, o leilão também servirá para quitar outras dívidas da Igreja de Valdemiro Santiago.
ENTENDA
Entre empresas e pessoas físicas, são 23 cobradores. O maior valor é justamente com o Grupo Spring, em uma disputa judicial que se alastra desde 2017.
A Spring acusa Valdemiro Santiago e sua agremiação de não cumprirem uma série de compromissos na locação de 22 horas da programação, realizada em 2014.
A empresa processou a Igreja Mundial do Poder de Deus no fim daquele ano, ao justificar que o pastor atrasou pagamentos e não cumpriu a ajuda financeira que daria na expansão tecnológica, prevista em contrato.
Na época, a Igreja reconheceu que estava em uma crise financeira pela falta de arrecadação em seus templos religiosos e que não poderia pagar um montante alto assim naquele período.
Em 2018, a Justiça mandou cobrar a dívida. No início de 2019, o processo chegou a ser arquivado porque a Spring e a Igreja Mundial do Poder de Deus chegaram a um acordo extrajudicial para o pagamento, que seria realizado em parcelas mensais.
O valor, que era de R$ 82,8 milhões, reduziu para R$ 71,9 milhões, tendo um desconto de 13,1% dado por causa da boa relação entre ambas as partes. Como garantia, Valdemiro Santiago cedeu dois helicópteros que estavam registrados em seu CNPJ.
ACORDO NÃO CUMPRIDO
Porém, em abril de 2021, a antiga TV Loading solicitou a reabertura do processo pelo fato de a Igreja Mundial do Poder de Deus não ter cumprido o compromisso mais uma vez.
A justificativa da Igreja foi a pandemia de Covid-19, que tinha fechado seus mais de 6 mil templos em todo o Brasil. Sem receber de seus fiéis, Valdemiro Santiago viu sua situação piorar ainda mais.
A Justiça concordou com a reabertura e também com a cobrança da dívida mediante leilão. Curiosamente, desde novembro do ano passado, a Igreja voltou a ocupar o canal 32 de São Paulo. Isso aconteceu por dois motivos. O primeiro deles foi a mudança formal do controle da emissora, realizada em outubro de 2021.
José Roberto Maluf (atual presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura); José Roberto Garcia e Paulo Sérgio Anchieta, (mantenedora da TV Cultura); José Roberto Garcia e Paulo Sérgio Garcia, os sócios-fundadores do canal, se desfizeram de suas participações e deram o controle do canal a Plínio José Lopes Shiguematsu, advogado do Grupo Kalunga, do qual os irmãos Garcia são donos.
De modo provisório, o Grupo Kalunga negociou o arrendamento do canal 32 de São Paulo novamente com Valdemiro Santiago. Isso destaca ao segundo motivo: em setembro de 2021, a Justiça ordenou a cassação da concessão da frequência por venda ilegal feita pelo Grupo Abril ao Grupo Spring no ato da extinção da MTV Brasil.
A Abril ainda tenta seus últimos recursos antes da cobrança, mas a situação é praticamente irreversível. Enquanto a a condenação não é feita pelo Ministério das Comunicações, a Spring ganha algum valor de alguém que processa e com uma TV que não vai mais usar.
