Manoel Carlos, é um dos autores mais respeitados da teledramaturgia brasileira. Conhecido por abordar o cotidiano e usar sempre o nome “Helena”, para as protagonistas de suas novelas, o autor revelou mais uma superstição que realizou ao longo de sua carreira.
Além de ambientar grande parte dos seus folhetins no Leblon e colocar uma protagonista chamada “Helena”, Manoel Carlos revelou mais uma curiosidade que usou em suas tramas ao longo de sua trajetória televisiva.
Atualmente com a novela Páginas da Vida (2006), sendo reprisada pelo Canal Viva e tendo excelentes indíces de audiência, o dramaturgo revelou que utilizou uma frase específica em todos os seus folhetins, em homenagem ao filho Ricardo de Almeida, que morreu precocemente em 1988, em decorrência do vírus HIV.
Manoel Carlos também perdeu mais dois filhos, além de Ricardo de Almeida, sendo Manoel Carlos Júnior, diretor que morreu de ataque cardíaco em 2012 e Pedro Almeida, estudante de teatro, que faleceu aos 22 anos em 2014, após ter um mal súbito.
Manoel Carlos também é pai da roteirista Maria Carolina e da atriz Júlia Almeida, que sempre esteve presente em suas novelas. O último trabalho da atriz foi na novela Espelho da Vida (2018).
HOMENAGEM AO PRIMEIRO FILHO MORTO
Porém, o autor prestou homenagem em todas as suas novelas ao filho Ricardo de Almeida, que morreu de Aids. O motivo da homenagem é porque Ricardo de Almeida enviou a frase quando ele escrevia a minissérie O Cometa (1988), ao lado do filho, que também era escritor.
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“Meu filho Ricardo foi meu parceiro não apenas em O Cometa, mas na minissérie Viver a Vida [1984], da Manchete [1983-1999]. Quanto à perda do meu filho, essa é uma dor insuperável. Depois de um tempo, você para de chorar, mas de sofrer não. O Rick e eu tínhamos muitas afinidades, independentemente de sermos pai e filho. Guardo tudo que foi dele nos 33 anos em que viveu”, disse Manoel Carlos em relato no livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cintia Lopes.
Desde 1986, quando o seu filho escritor ainda era vivo, Manoel Carlos passou a usar a frase atribuída à escritora Virginia Woolf (1882-1941) em todas as novelas que escreveu.
A frase foi enviada justamente por Ricardo quando o autor escrevia a novela Novo Amor (1986) para a extinta TV Manchete: “A partir de uma certa idade, os anos passam voando, mas os dias são intermináveis”, dizia a frase.
“Na ocasião, ele me perguntava se eu sabia, com certeza, se era da Virginia Woolf e, no caso afirmativo, em que obra da escrita ela aparecia”, explicou o autor veterano.
“Amei a frase e passei a usá-la em todos os meus textos, mas nunca tive a confirmação de que a autoria fosse mesmo da escritora inglesa. Tanto é assim que, sempre que um personagem a menciona, ele diz ser “uma frase, se não me engano, da Virginia Woolf. A repetição em todas as minhas histórias é uma homenagem que eu presto à memória do meu filho”, fez questão de confidenciar Maneco no livro.
Para finalizar, Manoel Carlos disse qual seria seu pedido, caso conseguisse mudar alguma coisa. “Se eu pudesse mudar alguma coisa, meu filho estaria vivo até hoje”, respondeu.
Manoel Carlos estreou como autor de novelas há 44 anos, sendo Maria, Maria (1978), o seu primeiro folhetim. A homenagem póstuma ao filho começou nas novelas seguintes a morte de Ricardo de Almeida, sendo Felicidade (1991), História de Amor (1995), Por Amor (1997), Laços Família (2000), Presença de Anita (2001), Mulheres Apaixonadas (2003), Páginas da Vida (2006), Maysa – Quando Fala o Coração (2009) e Viver a Vida (2009).
A última homenagem ocorreu na trama Em Família (2014), última novela escrita pelo autor de 88 anos, que encerrou a sua carreira, decidindo se aposentar e aceitar a escrever eventualmente, apenas projetos mais curtos.
